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domingo, 13 de janeiro de 2013

Alimentos mais nutritivos já estão sendo produzidos no Brasil

A produção é parte de um projeto da Embrapa Foto: Getty Images

A produção é parte de um projeto da Embrapa
Foto: Getty Images


Feijão com o dobro de ferro, batata-doce alaranjada com muita vitamina A e arroz polido com altos teores de zinco. Esses alimentos já estão sendo produzidos no Brasil e podem ser aliados importantes no combate à desnutrição, principalmente da população mais pobre. Os produtos foram desenvolvidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e são conhecidos como alimentos biofortificados.
A técnica proporciona o melhoramento por meio da seleção das sementes que apresentam características desejáveis de micronutrientes e não usa a manipulação genética, o que significa que não são alimentos transgênicos. A pesquisa começou há cerca de dez anos, sob a coordenação da engenheira de alimentos da Embrapa Marilia Nucci.
'Nós estamos desenvolvendo cultivos agrícolas com maiores teores de ferro, zinco e pró-vitamina A. Começamos trabalhando com mandioca, feijão e milho. Depois fomos adicionando outros alimentos, como o feijão caupi [variedade resistente à seca], batata-doce, trigo e abóbora. Estamos buscando alimentos básicos, consumidos em grande quantidade pela população mais carente.'
A Embrapa dispõe de uma quantidade de sementes para o plantio das safras. A distribuição é feita por meio de pedidos diretos, que podem ser feitos por prefeituras ou escolas, podendo ser utilizados nos programas de merenda escolar. O foco do projeto é a Região Nordeste. Testes foram feitos nos estados do Maranhão, de Sergipe e do Piauí, onde também é processada a multiplicação das sementes.
O feijão teve os teores elevados de 50 gramas para 90 gramas de ferro por quilo. A mandioca, que praticamente não tem betacaroteno, passou para nove microgramas por grama. A batata-doce teve o betacaroteno elevado de 10 microgramas por grama para 115 microgramas por grama. O arroz teve o teor de zinco acrescido de 12 para 18 microgramas por quilo. 'A batata-doce que nós lançamos é cor de abóbora. Ela tem a mesma quantidade de pró-vitamina A que a cenoura. O gosto é muito bom e está agradando principalmente as crianças', disse.
A Embrapa faz parte de uma aliança internacional para desenvolver alimentos biofortificados, mas a propriedade intelectual do que for desenvolvido no Brasil pertencerá à empresa. No país, já são cerca de 1,2 mil famílias plantando alimentos biofortificados, com expectativa de se chegar a 15 mil nos próximos três anos.
Em 2014, a Embrapa pretende desenvolver um teste de impacto nutricional com a população para medir os resultados dos alimentos biofortificados em comparação aos convencionais. Atualmente a empresa desenvolve sete variedades agrícolas: abóbora, arroz, batata-doce, feijão, feijão caupi, mandioca e milho. Outras informações podem ser acessadas na página da Embrapa sobre o projeto: www.biofort.com.br.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Alergia a alimentos pode melhorar com exposição a pequenas doses

Técnica conhecida como dessensibilização tenta imunizar o paciente por meio de um consumo leve, porém crescente, de produtos que costumam causar o problema.


Até pouco tempo atrás, pessoas com alergia a algum alimento tinham de eliminá-lo de sua dieta. Mas pesquisas recentes têm demonstrado a eficácia de uma nova alternativa: a imunoterapia por dessensibilização, que consiste em expor o paciente a quantidades pequenas e crescentes do alimento que provoca a reação alérgica.
Gabriel, entre sua mãe e a médica Ariana Yang: ele tem alergia a leite desde os 6 meses de vida - Epitácio Pessoa/AE
Epitácio Pessoa/AE
Gabriel, entre sua mãe e a médica Ariana Yang: ele tem alergia a leite desde os 6 meses de vida
Caso a resposta do paciente seja positiva, ele não precisa mais se privar do ingrediente e, além disso, livra-se do risco de consumi-lo sem saber, no meio de alimentos industrializados. “Essa é uma mudança recente que tem ocorrido no tratamento de alergias a alimentos mais comuns, como leite, ovo e trigo”, afirma a médica Ariana Campos Yang, da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia.
Um dos estudos que comprovou o sucesso da estratégia foi publicado neste ano pela revistaNew England Journal of Medicine. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte submeteram 40 crianças de 5 a 11 anos alérgicas a ovo ao consumo diário de um pó à base de ovo.
A quantidade do produto, no início muito pequena, foi aumentando progressivamente. Depois de 22 meses, as crianças passaram por um teste no qual ingeriram 10 gramas do alimento, o que equivale a dois ovos inteiros. O resultado foi que 75% dos participantes conseguiram passar no teste e começaram a tolerar o consumo de ovo.
Outra pesquisa, divulgada pela Universidade de Cambridge em março, testou a técnica para tratar alergias a amendoim. Crianças com alergia severa receberam quantidades crescentes de farinha de amendoim, o que fez com que se tornassem tolerantes ao alimento.
A alergia ocorre quando há um erro no sistema imunológico. Com a função de nos defender, o sistema pode errar nessa tarefa e provocar uma reação forte contra um alimento que, para outras pessoas, é inofensivo. “Quando começamos com uma dose menor e aumentamos de forma contínua, conseguimos induzir as células regulatórias, que consertam o que está errado no sistema, deixando assim de ter aquela reação contra o alimento”, diz Ariana, que aplica o tratamento no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
“No início, o alimento é ingerido em concentrações muito diluídas. Começamos com doses bem pequenas por via oral até chegar ao alimento puro. Cerca de 90% dos pacientes têm boa resposta”, observa Ariana.
Reação imediata. No HC, essa estratégia já vem sendo adotada há cerca de dez anos. Nem todo alérgico é candidato ao tratamento, mas podem se beneficiar aqueles que têm a alergia conhecida como IgE mediada, na qual a reação ao alimento é imediata.
“O fato de a reação ser rápida facilita a dessensibilização, pois já se sabe na hora se o paciente teve ou não reação. Nas alergias tardias, em que os sintomas começam horas ou dias depois, não se sabe qual dose o paciente está tolerando”, explica Ariana. Existe também uma idade mínima para o início do tratamento, de 5 anos, pois antes disso a alergia pode desaparecer sozinha.
Especialistas lembram que esse tipo de tratamento jamais deve ser feito sem acompanhamento médico. “O tratamento deve ser feito em uma instituição segura. Existe um risco de o paciente ter um choque anafilático, por isso é preciso ter recursos de tratamento e profissionais habilitados para lidar com uma reação”, diz a alergologista Yara Arruda Mello, do Hospital São Luiz.
Segundo Yara, a alergia alimentar pode ter manifestações na pele, com urticárias, no trato digestivo, com diarreia e vômito, ou no sistema respiratório.
Para o médico gastroenterologista Aytan Miranda Sipahi, do Hospital Sírio-Libanês, os casos de alergia têm aumentado. “Discute-se se o aumento veio com a maior capacidade de diagnosticar ou se houve um aumento de verdade”, afirma. Ele observa que fatores ambientais como o aumento da poluição e dos aditivos agrícolas usados na alimentação poderiam ser responsáveis por este aumento.
fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,alergia-a-alimentos-pode-melhorar-com-exposicao-a-pequenas-doses,979089,0.htm

sábado, 5 de janeiro de 2013

Técnica americana mantém pão conservado por até 60 dias

Uma empresa americana desenvolveu uma técnica que mantém o pão conservado por até 60 dias, o que reduziria significativamente o total de alimentos desperdiçados, segundo seus criadores.

A técnica da Microzap consiste em erradicar as substâncias e organismos que produzem o bolor ao cozinhar a massa em fornos micro-ondas especiais que foram desenvolvidos inicialmente para matar as bactérias causadoras da salmonela e o estafilococo.

No laboratório da empresa, sediado na Universidade de Tecnologia do Texas, fica o forno especial, que lembra um aparelho de produção em linha industrial. Don Stull, executivo da empresa, explica como é o processo. "Nós tratamos uma fatia do pão no forno, e então checamos a quantidade de bolor no pão. Depois de 60 dias, a quantidade era a mesma desde o momento em que saiu do forno", diz.

O bolor é um dos principais problemas do armazenamento do pão. Se os pães estão em embalagens plásticas, qualquer resquício de água no alimento pode evaporar e tornar a superfície úmida. Com isso, criam-se condições para o crescimento do Rhizopus stolonifer, fungo que gera o bolor, que geralmente aparece 10 dias após aberto o pacote.

O forno usado tem a mesma tecnologia dos micro-ondas comuns, mas com algumas particularidades. "Nós usamos frequências de formas variadas, emitidas por um radiador. Temos basicamente uma densidade homogênea no sinal, o que quer dizer que não deixamos pontos frios e quentes como nos micro-ondas domésticos", explica Stull.

O aparelho atraiu a atenção da indústria panificadora, mas há receios de que ele aumente os custos de produção. Além disso, há o fato de que os consumidores não necessariamente estejam dispostos a comer um pão com mais de um mês de fabricação. "Precisamos que haja aceitação do consumidor. A maioria das provavelmente aceitaria se a qualidade do alimento for mantida", afirma.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,tecnica-americana-mantem-pao-conservado-por-ate-60-dias,967457,0.htm