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sexta-feira, 5 de outubro de 2012



Brasil será um dos campeões de mortalidade cardiovascular em 2040; portanto, cuidado com o sal .

Rosana Faria de Freitas
Do UOL, em São Paulo

Apesar da extração do sal marinho ser distinta em relação ao refinado, ambos apresentam igual composição, podendo promover os mesmos efeitos fisiológicos
Apesar da extração do sal marinho ser distinta em relação ao refinado, ambos apresentam igual composição, podendo promover os mesmos efeitos fisiológicos.
Bate certa culpa – e receio – na hora de pegar o saleiro e despejar o pozinho branco sobre a comida? É bem provável que sim, principalmente se você é do tipo que se interessa e lê sobre nutrição e saúde. Afinal, não é de hoje que médicos alertam que o componente, em excesso, aumenta o risco de doenças do coração, especialmente a pressão alta, também conhecida como hipertensão. O Brasil deverá ocupar o posto de  campeão de mortalidade cardiovascular em 2040, entre os países emergentes, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Mas não é o caso de eliminar totalmente o sal da alimentação. Ele tem sua importância para a saúde. “O sal de cozinha tradicional, ou cloreto de sódio, é composto por 40% de sódio, mineral que representa o principal íon positivo dos fluidos corporais, e 60% de cloreto, íon negativo. Ambos têm funções, como conter a pressão osmótica, quer dizer, o volume de água que passa através da membrana celular. Além disso, o sódio é responsável pela transmissão de impulsos nervosos e pelo estímulo da secreção gástrica”, ressalta Ricardo Zanuto, graduado em nutrição e educação física, doutor em fisiologia humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
Como vemos, o sódio é um dos elementos mais importantes do líquido extracelular, atuando basicamente no equilíbrio dos fluidos do corpo. Ele age, também, para controlar a pressão sanguínea– e, por isso, a ingestão elevada do mesmo ocasiona um aumento do sistema hormonal e, consequentemente, uma série de desordens fisiológicas.

A ordem, então, é não ficar nos extremos: nem cortar radicalmente do cardápio, nem exagerar na dose. “Apenas quando consumido em demasia, pode trazer riscos para a saúde”, salienta Fábio Medici Lorenzeti, mestrando no Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de Educação Física e Esporte da USP, técnico em nutrição e dietética.

Porém, em nosso país, abusa-se do sódio. A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo máximo de 2 g diárias, o que equivale a 5 g de sal (pois 40% do sal é composto de sódio). Estima-se que, atualmente, o brasileiro consuma mais que o dobro desta quantidade – algo em torno de 12 g de sal por dia.

Acordo para redução

De acordo com o Ministério da Saúde, os males cardiovasculares incluem hipertensão, doenças cardíacas coronarianas (infarto e angina), insuficiência cardíaca congestiva (ICC), acidente vascular cerebral (AVC) e cardiopatias congênitas. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) calcula que mais de 320 mil brasileiros morrem, todo ano, vítimas destes distúrbios, estatística confirmada pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

A entidade vem alardeando que as condições, em 2040, serão preocupantes e, entre os emergentes, o Brasil possivelmente ocupará o posto de campeão de mortalidade cardiovascular – profecia que encontra respaldo na Organização Mundial da Saúde (OMS).

É importante lembrar que o governo brasileiro e a indústria assinaram, no último mês de agosto, um acordo que promete reduzir o teor de sódio em alimentos como margarinas, cereais matinais e temperos prontos. O compromisso propõe uma diminuição de 1,3% (no caso de temperos à base de alho e cebola) e até 19% (para margarinas vegetais) ao ano.

Em 2011, já haviam sido assinados dois termos relativos a produtos consumidos em sua maioria por crianças e jovens, como massas instantâneas, vários tipos de pães, misturas para bolos, salgadinhos de milho e batata frita.



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