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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Comércio do açúcar se foca no iminente excedente brasileiro


GENEBRA, 18 Abr (Reuters)

 Os preços do açúcar bruto podem cair para até 15 centavos de dólar por libra-peso pela primeira vez em mais de 2 anos e meio, disse um importante negociante nesta quinta-feira, com estoques excedentes, uma moagem acelerada e uma demanda moderada pelo etanol brasileiro levando a mais perdas.
 O açúcar compete o etanol na destinação da cana-de-açúcar no Brasil, e os preços precisam recuar para níveis que levassem as usinas a reduzir a produção da commodity, disse um trader da Louis Dreyfus, Omar al-Dahhan, nesta quinta-feira. "Nós precisamos que o açúcar recue para cerca de 15 a 16,5 centavo de dólar", disse Dahhan durante um seminário da Kingsman em Genebra.

 "O mercado do açúcar precisa encontrar uma solução para o excedente. Se o preço não recuar, mais açúcar vai ser produzido", acrescentou. Às 14h50 (horário de Brasília), o maio do açúcar bruto recuava 0,17 centavo, a 17,68 centavos por libra-peso, com estoques abundantes pressionando os preços que haviam registrado o dobro deste nível em fevereiro de 2011. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar.


 VISÃO MAIS AMPLA
 O tom baixista de Dahhan ecoou a visão de vários analistas e operadores.

 "Pelos próximos 18 meses, nós esperaremos um excedente global e isso provavelmente manterá os preços sob uma pressão baixista", disse Sergey Gudoshnikov, economista sênior da Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês).

 A organização com sede em Londres antecipa um excedente global de 8,5 milhões de toneladas em 2012/13 (outubro/setembro), e um excedente novamente, ainda que significativamente menor, em 2013/14. 

"Para o curto prazo, nós não temos motivos para mudar nossas crenças, ou seja, o excesso está chegando, será grande, e vai pressionar os preços para baixo", disse Robin Shaw, analista da corretora Marex Spectron.

 Usinas em importantes produtores devem maximizar sua moagem de cana para levar seus custos a um mínimo, em face dos preços do açúcar, que hoje estão em próximos dos custos de produção, mesmo nas plantas mais eficientes.

 O Brasil tem capacidade suficiente para moer sua vasta safra de cana, disseram analistas.  As usinas brasileiras enfrentaram problemas para lucrar nos últimos anos, uma vez que não possuíam cana o suficiente para operar suas usinas em plena capacidade.

 Fortes chuvas no início da temporada de colheita da cana no Brasil elevou os preços do etanol feito a partir da cana brasileira, potencialmente reduzindo a demanda pelo combustível, mas a previsão meteorológica é de clima seco para os próximos dez dias.

 "O elemento climático no Brasil pode limitar a queda dos preços do açúcar em vez de apoiá-los, por conta da pressão do excedente global", disse um operador.


 (Reportagem de David Brough)

Fonte: http://g1.globo.com/economia
18/04/2012

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